terça-feira, 30 de setembro de 2008

INCRÍVEL:Câmara Municipal de Coimbra mantém, impunemente, sucateira-ILEGAL aberta ao público a dias do prazo para demolição e reposição do terreno.

INSÓLITO/ ILEGAL/ INCRÍVEL

Legenda: Documento falsificado, enviado ao MP de Coimbra para encobrir o licenciamento ilegal da cabovisão por parte da Câmara Municipal (CRIMINAL) de Coimbra.Onde está escrito PT é, de facto, EDP. As águas pluviais do IC2 vazam directamente para a parede DE UM POSTO DE ELECTRICIDADE DE ALTA TENSÃO PONDO EM PERIGO A SEGURANÇA PÚBLICA.Onde se diz TV CABO DEVE LER-SE CABOVISÃO.POR OUTRO LADO, o Ministério Público de COIMBRA ACEITOU ESTE DOCUMENTO FALSIFICADO E AFIRMOU QUE O DENUNCIANTE É QUE NÃO TINHA CREDIBILIDADE...Legenda: Fotografias do prédio contíguo ao stand/sucateira, que demonstram inequivocamente que a sucateira-ilegal foi edificada depois do prédio e em zona de estrada...
Fiscalização da Câmara Municipal de Coimbra continua a pactuar, impunemente, com prevaricadores em prejuízo da comunidade, da Lei e do interesse público.
A CÂMARA MUNICIPAL DE COIMBRA ESTÁ CONCOMUNADA COM A CABOVISÃO, O STAND ILEGAL e AS ESTRADAS DE PORTUGAL.
O ESTABELECIMENTO COMERCIAL ILEGAL PERMANECE, ALEGRE E IMPUNEMENTE, ABERTO AO PÚBLICO SEM QUALQUER RESTRIÇÃO IMPOSTA PELA CÂMARA, SENDO QUE ESTA TAMBÉM É RESPONSÁVEL POR TAMANHA ILEGALIDADE, POIS NÃO SÓ NÃO IMPEDIU A SUA CONSTRUÇÃO, COMO ERA SEU DEVER, COMO AGORA SUSTENTA INDEVIDAMENTE A MANUTENÇÃO DE TAMANHA ILEGALIDADE, SEM TER INSTAURADO, SEQUER, QUALQUER CONTRA-ORDENAÇÃO, NÃO OBSTANTE TER CONHECIMENTO FORMAL DESTES FACTOS HÁ MAIS DE 2 ANOS. COM O AGRAVANTE DE SER A ÚNICA ENTIDADE COM PODER DE FISCALIZAÇÃO NAQUELA ÁREA TERRITORIAL. NUMA AFRONTA E DESRESPEITO TOTAL PELOS MUNÍCIPES EM GERAL E PRINCIPALMENTE PELA COMUNIDADE RESIDENTE NA ÁREA ENVOLVENTE, UMA VEZ QUE PÕE EM PERIGO O EDIFÍCIO CONTÍGUO, ZONA DE CHEIA, É UMA ABERRAÇÃO ARQUITECTÓNICA, SEM QUALQUER ENQUADRAMENTO LEGAL. OS MORADORES DOS PRÉDIOS CONTÍGUOS ESTÃO PRIVADOS, TAMBÉM, POR VIA DESSA CONSTRUÇÃO ILEGAL DO PASSEIO PEDONAL E DE QUAISQUER OBRAS DE URBANIZAÇÃO QUE ENQUADREM AQUELA CONSTRUÇÃO ILEGAL, ESTANDO EM CAUSA A SUA SEGURANÇA!
A EVENTUAL E PRESUMIDA BOA-FÉ, DA CÂMARA MUNICIPAL DE COIMBRA, É SERIAMENTE QUESTIONÁVEL, UMA VEZ QUE JÁ TENDO VIOLADO, DE FORMA GROSSEIRA, O SEU DEVER DE FISCALIZAÇÃO PRÉVIA, NÃO IMPEDINDO TAL CONSTRUÇÃO, TANTO MAIS NUMA ARTÉRIA ONDE PASSAM MAIS CEM VEÍCULOS MUNICIPAIS POR DIA. AGORA, PROTELA O CUMPRIMENTO DA LEI QUE VISA SALVAGUARDAR O INTERESSE GERAL DA COMUNIDADE, EM DETRIMENTO, SABE-SE LÁ, DE QUE OBSCUROS CONLUIOS E SUSPEITOS ILEGÍTIMOS INTERESSES ECONÓMICOS PARTICULARES...

sábado, 27 de setembro de 2008

Ex-combatentes escritores participam em ciclo de conferências, de 25 de Setembro a 20 de Novembro de 2008.

A guerra colonial estará em debate num ciclo de oito conferências a realizar entre Setembro e Novembro na Biblioteca-Museu República e Resistência e no qual participarão antigos combatentes que sobre o conflito nas ex-colónias portuguesas escreveram.
As conferências realizam-se à quinta-feira, sempre às 19:00 locais, a partir do dia 25 de Setembro, prolongando-se até 20 de Novembro.
"Organizamos exposições e ciclos diversos, de ordem histórica, e a guerra colonial surge, naturalmente, como um tema. A nossa ideia é manter viva a chama da História", disse à Lusa Júlia Pires, da direcção da Biblioteca-Museu.
O ciclo abre com Nuno Roque da Silveira e prossegue com António Graça de Abreu (2 de Outubro), António Brito (9 de Outubro), Leonel Pedro Cabrita (18 de Outubro), Mário Beja Santos (23 de Outubro), Cristóvão de Aguiar (30 de Outubro), João Gualberto Estrela (dia 13 de Novembro) e António Bracinha Vieira (dia 20 de Novembro).
"Nós, portugueses, cuidamos menos de reavivar a memória da guerra do que os norte-americanos [em relação ao Vietname]", observou a responsável, reconhecendo embora estar a registar-se um crescendo de interesse dos editores pela publicação de obras sobre o conflito.
Os escritores ex-combatentes participantes no ciclo são autores de "Um outro lado da guerra" (Nuno Roque da Silveira), "Diário da Guiné. Lama, sangue e água pura" (António Graça de Abreu), "Olhos de caçador" (António Brito), "Capitães de vento" (Leonel Pedro Cabrita), "Diário da Guiné, 1968-69. Na terra dos Soncó" (Mário Beja Santos), "Braço tatuado-Retalhos da guerra colonial" (Cristóvão de Aguiar), "Perigo e fascínio em África, Angola 1962-64" (João Gualberto Estrela) e "Fim de Império" (António Bracinha Vieira)

A guerra colonial travou-se em três frentes - Angola, Moçambique e Guiné-Bissau - e fez cerca de 10.000 mortos nas fileiras portuguesas.

LUSA.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

"Tabuada do Tempo": Expresso das Nove online 26/09/2008, por Bartolomeu Dutra.













"Ainda estou cheio de Ilha, como poderia dizer o Cristóvão de Aguiar, que não vi no Pico, mas encontrei-o n' A Tabuada do Tempo das pequenas coisas que nos enchem a vida, do Amor que nos aquece por dentro."
BARTOLOMEU DUTRA
PROFESSOR/MÚSICO (excelente)

Uma voz que veio de longe
Aceitei o convite do Vítor Rui Dores, em carta impressa na última página d'O Dever, e cá me encontro balouçando por dentro destes três tempos de valsa. Talvez me tenha antecipado na lembrança quando, no mês passado, olhando o Pico na transparência de um gin no Peter, tentava indicar à Guilhermina o local onde Brel tocara a sua guitarra. O prazer de recordar algumas histórias vividas pelo grande trovador no Faial, fez correr o tempo até à chegada do avião que me traria de volta ao continente. Dias antes, o meu irmão Jorge levara-me num magnífico passeio até ao Cabeço Verde e depois ao Cabeço Gordo, alargando-me o fascínio da ilha na contemplação dos recortes agrestes da Caldeira desde um ponto mais elevado. De volta ao Pico, pude rever a antiga Fábrica da Baleia, já sem aqueles homens de espeiro nas mãos a cortar os pedaços de toucinho. Mas a chaminé ainda era a mesma que tinha conversas de vizinha com a da Fábrica do Antunes, enquanto o batelão, com o meu irmão Manuel ao pé da máquina, trazia o peixe das traineiras que ao largo se espreguiçavam num balanço tranquilo para os meus olhos à espreita desde o alto de uma parede nos Biscoitos. Ainda estou cheio de Ilha, como poderia dizer o Cristóvão de Aguiar, que não vi no Pico, mas encontrei-o n' A Tabuada do Tempo das pequenas coisas que nos enchem a vida, do Amor que nos aquece por dentro e da viagem perene com a Ilha no peito, um pesqueiro andante em busca de aventuras. No decorrer desta lenta narrativa dos dias, que recebeu o prémio Miguel Torga, pode ler-se a dada altura, no contexto de uma viagem com esmero preparada para um grupo de amigos da vivência coimbrã:

"São Miguel, Agosto, 12
Chegámos há três dias e já demos grandes passeios por toda a Ilha. Ao planear esta excursão, principiei deliberadamente pelo grupo central para que, ao chegarmos aqui, houvesse apoteose, espécie de grand final. Enganei-me e bem! Toda a gente abria a boca, maravilhada, com as paisagens das Sete Cidades, da Lagoa do Fogo, das Furnas, da Caldeira Velha, mas no fim exclamava: tudo muito belo, mas o Pico... Às tantas, também eu fazia coro: mas o Pico..."


26 de Setembro de 2008

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

O Escritor Dias de Melo in "Relação de Bordo, diário ou nem tanto ou talvez muito mais" (1964-1988), de Cristóvão de Aguiar.







"Coimbra, 24 de Maio de 1979
[...]O escritor Dias de Melo, homem açoriano da Ilha do Pico, que trouxe para o conto, o romance, a crónica, a luta desatinada dos homens das Ilhas que formam o triângulo: Pico, São Jorge e Faial, dando dignidade humana ao homem que vai ganhando a vida e sempre a morte tanto no mar como em terra, ou em ambos, baleeiros e camponeses e outra gente sem condição, e que renegou sempre nos seus livros o turístico folclore literário -- esse escritor confessou-me na sua gigantesca humildade, numa carta sobre Raiz Comovida I: "Continuo sem encontrar palavras que lhe digam quanto Raiz Comovida me emocionou. Bastará talvez que saiba isto: o Ti Pascoal, impondo ao narrador o dever -- o compromisso -- de contar ao mundo aquelas realidades, teve influência enorme no prefácio, a que chamo "Compromisso", com que abro o meu livro Vinde e Vede [...] Mas, Cristóvão de Aguiar, Você foi mais longe do que eu. Você quebrou todas as amarras que ainda me prendiam. Regozijo-me -- sinceramente, muito sinceramente me regozijo por isso!" A Ilha do Pico, no seu mistério tamanho, ora se revelando escondendo ora se escondendo revelando-se, também tem o condão de fermentar e extravasar do peito de quem possui a estrela de a merecer instituída em seus olhos."

In Relação de Bordo (1964-1988),de Cristóvão de Aguiar, páginas 225 e 226.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Faleceu hoje um Grande Escritor Açoriano: Dias de Melo. "Ficará para a posteridade como um símbolo do homem do mar" - Cristóvão de Aguiar.

Quarta-feira, 24 de Set de 2008
O escritor Dias de Melo, hoje falecido, aos 83 anos, "ficará para a posteridade como um símbolo do homem do mar", disse à Lusa o escritor e seu conterrâneo Cristóvão de Aguiar.
"É um escritor baleeiro que deu um retrato real da vida do baleeiro. Aliás, ele próprio tinha essa experiência, chegou a ser baleeiro", lembrou.
Na sua opinião, a obra literária de Dias de Melo "ficará como documento para a posteridade".
Falecido hoje de manhã no hospital de Ponta Delgada, José Dias de Melo nasceu na Calheta do Nesquim, ilha do Pico, a 08 de Abril de 1925.
Professor primário, foi colaborador assíduo da imprensa regional e nacional e um profundo conhecedor da temática baleeira e da emigração.
Iniciou a sua carreira literária na década de 1950 com o livro de poemas "Toadas do Mar e da Terra".
Da sua obra, Cristóvão de Aguiar destacou a trilogia "Pedras Negras", "Mar Rubro" e Mar P'la Proa" e o livro de contos "Milhas contadas".
"Dias de Melo marca, sem dúvida, a literatura portuguesa de significação açoriana", obervou.
Dias de Melo foi condecorado com a Ordem do Infante e, pelas Lajes do Pico, com o título de Cidadão Honorário do concelho.
Recentemente, o presidente do Governo Regional dos Açores, Carlos César, presidiu a uma sessão pública de homenagem a Dias de Melo que incluiu o lançamento de uma nova edição da sua trilogia.

sábado, 20 de setembro de 2008

Entrevista de Mestre Eugénio Macedo, artista multifacetado e autor do "ferro" Soito (S8), ao Semanário Nova Guarda. Edição de 10-09-2008








Escultor reside actualmente
em Figueira de Castelo Rodrigo

Eugénio Macedo tem milhares de obras espalhadas pelo País.
Eugénio Macedo, escultor, passa a vida entre Portugal e o Brasil, mas no nosso País, escolheu o Sabugal e Figueira de Castelo Rodrigo como locais centrais na sua vida.
No primeiro, o Soito foi ponto de paragem por uma avaria no carro, que o deixou nesta terra durante alguns anos. Agora a residir em Figueira, justifica-se dizendo que ali encontra tudo o que precisa para a sua profissão.













Nova Guarda (NG) – Quem é o Eugénio Macedo?
Eugénio Macedo (EM) – Um amigo meu disse-me que eu sou uma pessoa complicadíssima. José Manuel, filho de Cristóvão de Aguiar me disse que eu sou uma daquelas pessoas muito complicadas. Não sei quem é o Eugénio.

NG – É uma pessoa que vive a arte?
EM – A arte para mim é o quê? Eu sou formado em publicidade e vim para Portugal para trabalhar para a TVI, como câmara e cenógrafo, mas desisti da ideia. Já passei por vários processos. A arte para mim é um acidente de percurso. Não me considero um artista.

NG – Onde é que nasceu?
EM – Outra pergunta complicada. A minha certidão de nascimento diz que foi em Angola., mas não. O meu pai era um dos indivíduos que fazia parte do Partido Comunista e ele foi dado como arquivo morto. Boa parte dos documentos desapareceram. A minha certidão de nascimento diz que é Angola, mas eu nem sei onde é que é Angola. Sei que é um país na África. Eu sou português.

NG – Como é que se classifica enquanto escultor?
EM – Sempre como uma pessoa criativa. Como me formei em publicidade e design, depois desenvolvi então a fotografia, no Rio de Janeiro, na Associação Carioca de Artes Plásticas, onde fiz alguns trabalhos lá.
Eu vim fazer umas férias em direcção a Espanha, o meu carro avariou-se ali no Soito, numa época de festas. Não havia mecânicos para concertar o carro e fiquei por lá. Olhei para muitos lados e só via pedra, e escolhi a pedra. Foi quando fiz aquele touro que está em frente à Praça, no Soito. Mas foi um percurso acidental, não foi nada premeditado.

NG – Foi ai que começou?
EM – Foi, foi assim que me pegaram. Eu não peguei a arte, a arte é que me pegou. Eu não considero aquilo que eu faço uma arte, considero uma capacidade extra.

NG – Há quanto tempo é escultor?
EM – Desde os 14 anos.

NG – E ainda se lembra da primeira peça?
EM – Lembro. Foi um Cristo feito em cimento. Aquilo não foi propriamente uma peça. Foi um ensaio. Daí descobri que tinha vocação para fazer aquilo. Comecei-me a dedicar e trabalhei para a Globo, a fazer cenários, e fui descobrindo materiais e outras maneiras. Trabalhei muitas vezes para escolas de samba, para fazer os carros alegóricos e fui vendo que tinha talento para manipular os materiais, mas nunca me considerei um escultor.

NG – Mas gosta de ser escultor?
EM – Se colocares na balança são mais os desagrados que os agrados. Pelo desconforto de trabalhar este tipo de material. É insalubre e muitas vezes não nos permite ir até onde a gente quer, ora por questões orçamentais, ora porque as pessoas não entendem muito bem. Não vejo com muitas vantagens ter este tipo de actividade.

NG – Quando é que se decidiu vir para Figueira de Castelo Rodrigo?
EM – Ainda não me decidi. Aquilo que faltava aqui, em Figueira de Castelo Rodrigo, era um aeroporto, para ficar completo. Ainda não decidi ficar.

NG – Faz a vida entre Brasil e Portugal. Onde gosta de estar?
EM – Gosto mais da Raia, principalmente do sabugal. Aqui é mais por causa do comodismo. Tenho tudo o que preciso aqui à mão. Não me sinto mal em estar em Figueira mas não estou entre o céu e o paraíso. Adapto-me, pois permite estar perto das matérias-primas quase todas. Sinto-me bem, mas para ter condições de criar, não.

NG – Qual foi o trabalho que mais gostou de fazer?
EM – Nenhum. Ainda não tenho a obra-prima. Mas espero lá chegar um dia.

NG – Mas alguns dos que já fez identificam-se consigo?
EM – Nenhum. Há muitos em que as pessoas já vêm com as ideia pré-concebidas. Entro no desafio de dizer que é possível fazer, mas não tem a ver comigo. O maior consumo das obras aqui é da arte sacra. A arte sacra é muito boa e muito bonita quando é em madeira. Em pedra não te permite dar aquela graça, aquele ar angelical na peça. As peças de madeira são de estrema beleza, mais finas, a pedra raramente permite isso.

NG – Chateia-o fazer aquilo que as pessoas lhe pedem?
EM – Acontece em todas as profissões. Eu costumo dizer que quem vai ao médico não escolhe a doença. Aqui acontece. As pessoas perguntam se dá para fazer isto, se dá para fazer aquilo. Depois a questão económica tem um peso muito grande.

NG – Identifica-se com alguma forma de trabalhar a pedra?
EM –Hoje quase que não existe uma técnica para esculpir, a ferramenta leva-te quase lá.
Eu gosto de trabalhar com o Photoshop e muitas vezes eu desenho aí a peça para ver qual é o efeito que ela vai ter, e dá para brincar com isso. Antes tínhamos de enquadrar no local o efeito que a obra ia dar. Hoje não vejo qualquer desafio.

NG – Já houve quem lhe deixasse expressar-se numa obra?
EM – É muito raro. Em trinta anos de carreira, apareceram dois ou três clientes que devem ter dito que a criação era da minha responsabilidade. Mas dá gozo trabalhar assim, por dois motivos, fazer jus a esse voto de confiança e depois tentar superar. Mas é raro. São peças muito caras e normalmente as pessoas vêm já com a ideia pré-concebida e não dá para alterar.

NG – Mas no final não gosta das peças que faz?
EM – Não. Eu acho que quanto menos eu gosto da peça, fico à vontade, porque sei que vai ficar boa para os outros. O meu gosto é estranho.

NG – Já está por cá há 15 anos. Por onde tem a sua obra?
EM – Não tenho um mapa para isso. Tenho um registo mais completo das obras que tenho, por exemplo, em Espanha, França ou Brasil, do que aqui, em Portugal. Algumas pessoas amigas têm o registo das minhas peças e queria até fazer um livro, mas ainda vai demorar algum tempo.

NG – Tem peças por todo o país?
EM – Sim. Muito poucas pelo Algarve, mas tenho por todo o país. Onde tenho mais é certamente no distrito da Guarda e de Castelo Branco, mas em particulares, há mais em Lisboa. Obras públicas é mais por aqui. São milhares de peças.

NG – Tem ideia de quantas já fez?
EM – Passam alguns milhares. Eu tive uns dez anos em que tive um processo criativo muito bom e desenvolvi muito. Desde a pintura até à escultura e fotografia, o que dá muitas obras.

NG – Trabalha num ritmo muito acelerado, como consegue?
EM – Às vezes consigo fazer três ou quatro peças num só dia. Um amigo meu que colaborou comigo durante algum tempo, quando eu começava a ficar aflito dizia para eu continuar a tirar pedra, que havia de sair alguma coisa e no final ficava sempre alguma coisa. É a mesma coisa que dizer que tenho que ir para Lisboa e apanhar a auto-estrada para o Porto. Tu vais chegar a Lisboa de qualquer maneira, só que a volta é maior. Dentro da obra é a mesma coisa. Tu pensas uma coisa, e ela corre de outra maneira, mas que até facilita e que até fica melhor. É assim, há dias em que consegues fazer três, quatro ou cinco peças por dia. Há outras vezes em que tens dias que não sai nada.

NG – Gosta de passar por uma peça e dizer que é sua?
EM – Eu digo mas olho para o lado. As pessoas olham e são simpáticas, dizem que ficou bonito, mas eu sei que não era aquilo que eu queria, pois há factores nas obras públicas que limitam muito. É a questão dos orçamentos e quando estamos limitados a um orçamento é complicado de se fazer.

NG – Quanto é que já valeu uma obra sua?
EM – Bem, houve uma que custou 50 mil euros, feita para a zona do Sabugal.

NG – Há alguma peça que gostasse de fazer para caracterizar a Guarda?
EM – Tenho, tenho o desenho, de uma peça fantástica, que já fiz aí há uns dez anos, mas não sei se tenho condições para executá-la, ou de a colocar na Guarda, mas tenho-a desenhada. Pode ser que seja possível, um dia.

NG – Existem peças, que não as tendo construído, passe por algum sitio e diga, isto ficava bem aqui?
EM – Muitas. Eu sonho acordado e por onde eu passo e digo muitas vezes, para mim, que isto ficava bem aqui ou ali. Um artista que seja artista, tem obrigação de mudar mentalidades e alterar o espaço onde vivem. Todos têm essa obrigação mas o artista mais, e ainda há muito para fazer.

NG – Como muita da sua obra é pública, a verdade é que as pessoas gostam do seu trabalho?
EM – Pois. Toda a gente gosta, todo o mundo aplaude e ninguém diz que não. Eu fico em dúvida. Ou são muito simpáticos ou a minha obra é muito boa.

NG – Gosta desta terra?
EM – Gosto muito. São pessoas espectaculares. Foi preciso me afastar para ver realmente o valor. Estava muito envolvido e não conseguia fazer um exame, mas são realmente pessoas adoráveis. Ainda não consegui criar um perfil para definir esta gente, mas agradeço o apoio e carinho que todos me dão, com um abraço especial ao Manuel Rasteiro, presidente da Junta do Sabugal, José Manuel Campos, da Junta de Foios, e Octávio Vinhas, de Quadrazais.

NG – Não é um homem que se prenda, pois não?
EM – Eu tenho medo de fazer a minha sepultura antes do tempo. Não sou contra quem tenha alguma coisa que o prenda, tem a ver com a minha personalidade, que é complicada. Infelizmente não tenho algo que me prenda. Não digo que seja uma coisa boa.

NG – O seu futuro passa por Figueira, por Portugal?
EM – Vou ser simpático e dizer que não. Isto é uma relação entre Portugal e eu, de amor e ódio.
Por: José Paiva

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Museu do Sabugal: Colecção Arqueológica 2008. Mais uma excelente iniciativa da Câmara do Sabugal e da Empresa Municipal Sabugal +.

Autores:

André Tomás dos Santos
Raquel Vilaça
Pedro C. Carvalho
Iñaki Martín Viso
Luís Rêpas
Miguel Soromenho
Marcos Osório (catálogo)
Ricamente apresentado e com inúmeras ilustrações a cores, o volume Museu do Sabugal – Colecção Arqueológica constituirá, doravante, um guia indispensável para quem deseje saber dos vestígios arqueológicos naquele concelho beirão.
Fruto da colaboração entre a Câmara local e a Empresa Municipal Sabugal +, data de Março de 2008 e tem textos de André Tomás Santos (Pré-História), Raquel Vilaça (Proto-História), Pedro C. Carvalho (Época Romana), Iñaki Martín Viso (Época Medieval: reino de Leão), Luís Repas (Época Medieval: reino de Portugal), e Miguel Soromenho (Época Moderna). É de Marcos Osório a responsabilidade do catálogo.
Tem o ISBN: 978-989-95684-0-2; a edição é de Pro-Raia (Associação de Desenvolvimento Integrado da Raia Centro Norte) e do Município do Sabugal. 184 preciosas páginas, terminando com bibliografia complementar e índice dos sítios arqueológicos donde procedem as peças.

Cyrano de Bergerac

Cyrano de Bergerac
Eugénio Macedo - 1995

TANTO MAR

A Cristóvão de Aguiar, junto
do qual este poema começou a nascer.

Atlântico até onde chega o olhar.
E o resto é lava
e flores.
Não há palavra
com tanto mar
como a palavra Açores.

Manuel Alegre
Pico 27.07.2006